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O INSTITUTO GREGORIO BAREMBLITT nasce do encontro de um grupo de amigos com um desejo comum de reinventar novas práticas sociais. Para tanto constituímos uma associação sem fins lucrativos. Seu nome é uma homenagem ao psiquiatra, psicoterapeuta, professor, pesquisador, analista e interventor institucional, esquizoanalista, esquizodramatista e escritor Gregorio Franklin Baremblitt. Nosso desejo é que este dispositivo tenha uma inserção social e que possamos construir com nossa comunidade um Outro Mundo Possível.

domingo, 8 de maio de 2011

BULLYNG, ESTIGMA E FASCISMO: A GEOGRAFIA DO CORPO SEVICIADO NAS TEIAS DA OPRESSÃO - JORGE BICHUETTI

Crimes, pânico, tristeza, autoflagelação... Vidas estropiadas nos descaminhos da vida que se impõe como vida normatizada e normatizante, excludente, vida de intolerância com a diferença e a diversidade. Opressão...

Vivemos num mundo de opressão que segrega, marginaliza, discrimina, estigmatiza...

Um mundo branco, de corpos musculosos, magros, de extrovertidos, heterossexuais, pragmáticos... Um mundo de campeões...

O processo de negação dos que escapam ao ideal de normalidade do socius se ´da no cotidiano: violências, ironias, chistes, isolamento, humilhação e tortura psíquica, diuturnamente.

Grava , desenha-se no corpo e na alma as chagas da maldição.

O X-cruz das casas de portadores da peste negra são tatuados no corpo e na alma dos que se vêem seviciados pela estigmatização opressiva e excluídos amargam o isolamento, a desvalia e a solidão.

Acumulam gradativamente no universo íntimo uma confusa e  desesperadora teias de imagens... Eu desprezado; eu violentado; eu indesejado; eu martirizado...

A autoimagem e a autoestima se encontram, então, aniquiladas...

Lhes roubam bens preciosos do existir: a esperança e um futuro; e sentimento de que sou com os outros, sou humanidade...

A violência é uma mutilação dos direitos humanos...

Porém, ela é, igualmente, a explosão e/ou implosão dos violentados que já suportam a opressão que lhes inibem, limitam, destroçam a suas existências.

O bullyng é a manifestação clínica no léxico moderno que escamoteia a sua verdadeira natureza: bullyng é um efeito da estigmatização, da exclusão da diferença, da opressão e dos microfascismos.

Fannon, já em "Os condenados da Terra", que se sofremos cronicamente uma violência vertical, desorganizados e despolitizados, inevitavelmente, produziríamos uma violência horizontal, uma violência dirigida aos nossa iguais...

Melaine  Klein assevera que na agressividade há teste, eu que não creio que estou e que sou capaz de estar no dentro, já que a vida me levou a me sentir no fora,testo a capacidade de ser finalmente incluído num ato explosivo e violento.

Como esquecemos nossos grandes autores do campo da arte:" e qualquer desatenção faça não, pode ser a gota d'água"...

O bullyng hoje interessa a muitos: governo, escola, pais, intelectuais...

Contudo, o vemos no tiroteio; e nem nos damos conta que permeia muitas vidas: nos suicídios, nas overdoses, na morte civil de vidas aniquiladas na desvalia, nas doenças misteriosas onde a própria imunidade reproduz a ataque já rotineiro, e por ser sutil,  despercebido, aceito, banalizado...

Não há solução para o bullyng nos divãs elitista sem que mudemos nosso modo de viver e existir na sociedade...

É preciso fazer caber a diferença...

Urge que reinventemos a sociedade e que ela efetivamente seja inclusiva, cidadã e de alegria...

Não há solução para o bullyng longe de um novo mundo, mundo novo de ternura e compaixão, justa medida e conviviabilidade, carinho, amor, solidariedade, um mundo libertário...

Caímos, todos, no pólo paranóico, quando excluídos, oprimidos, negados...

Não cabe falar em resiliência que é somente o reequilíbrio de quem atacado retoma a mesma vida; é necessário tematizar a resistência, a insurgência e a mudança.

No Bullyng, a vida clama e clama eloquente por uma vida não fascista...




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