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O INSTITUTO GREGORIO BAREMBLITT nasce do encontro de um grupo de amigos com um desejo comum de reinventar novas práticas sociais. Para tanto constituímos uma associação sem fins lucrativos. Seu nome é uma homenagem ao psiquiatra, psicoterapeuta, professor, pesquisador, analista e interventor institucional, esquizoanalista, esquizodramatista e escritor Gregorio Franklin Baremblitt. Nosso desejo é que este dispositivo tenha uma inserção social e que possamos construir com nossa comunidade um Outro Mundo Possível.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O TEMPO SE ESGOTANDO: A NECESSIDADE URGENTE DE CRIAR BASES PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL PARA FRUTAL.


Dr. Millôr Godoy Sabará.
Professor da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Campus de Frutal.

Ser um recém-chegado tem desvantagens e vantagens. 

Uma das vantagens é que posso olhar para a situação ambiental de Frutal com olhos menos embaçados por anos de vivência na cidade, o que sempre acarreta uma visão de “normalidade” nas coisas. 

Frutal é um município paradoxal: ao mesmo tempo que tem uma dependência umbilical dos da água superficial e da manutenção da fertilidade do solo para sua economia, as bases ecológicas para manutenção dessa mesma economia estão sendo destruídas. 

Frutal possui apenas 4,3% de sua área de 143000 ha coberta por vegetação nativa, e um déficit de mata ciliar de 99,5%. 

É uma das menores coberturas de flora nativa de Minas Gerais. 

Além disso, o maior fragmento de cerrado não chega a 100 ha. 

Isso não só impossibilita a manutenção da biodiversidade regional, como está contaminando a água e destruindo o solo. 

Basta dar uma olhada no ribeirão Frutal ou outro córrego nas bacias municipais logo após uma chuva, mesmo que leve. 

A quantidade de solo carreada é tal que está assoreando esses rios e as águas já passam por cima do vão central. 

Há tanto fertilizante nessas águas que imagens de satélites os mostram verdes pela proliferação excessiva de algas (algumas possivelmente produtoras de toxinas que matam animais domésticos e, em alguns casos, pessoas).

Outro problema é o Índice de Aridez (IA), calculado como a relação entre a chuva e a evaporação. 

Um valor igual a 1 (um) representa uma região onde a perda de água pela evaporação é equilibrada.

Valores abaixo de 0,5 são regiões semi-áridas. 

Frutal está chegando perto de ser semi-árida em períodos cada vez maiores durante o ano. 

O que fazer?

Minha proposta é baseada em seis pontos: 

a) identificar as áreas críticas para reabilitação e preservação da flora nativa;

b) conectar os fragmentos de flora nativa através de “corredores ecológicos” utilizando a rede hidrográfica, permitindo o aumento na biodiversidade;

c) controle das fontes difusas (erosão do solo e contaminação agrícola) de poluição hídrica através da construção de brejos artificiais;

d) implantar e manter um programa de biomonitoramento da qualidade ambiental do município, com base em suas bacias principais;

e) implantar programas de reabilitação e conservação de ecossistemas ciliares;

f) criar um controle social sobre as atividades com grande potencial de degradação ambiental.

Ou então, pode ser que em 30 ou 50 anos estaremos criando camelos e cultivando cactos, como está acontecendo no desertificado norte de Minas Gerais.


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